Me sinto sozinha. O tempo todo. Não importa quem ou o quê. Dói.
Me sinto culpada pela minha solidão. Sou ingrata. Dói.
Me sinto carente, quero atenção e carinho. Toda atenção e carinho que não tive da minha mãe.
Ela me culpa pelas muralhas que criei ao meu entorno.
Eu a culpo por negligenciar a mim e me manipular em seu próprio benefício. Por me ignorar, me agredir, me desprezar… tudo conforme seu humor. Por não ouvir nada que sempre tentei dizer. Por me acusar de não dizer. Por me comparar e sempre me diminuir. Eu nunca estive a altura. Eu nunca bastei.
Quero me punir por não atender as expectativas dela: comida, solidão, cobranças, angústia.
Quero me acalentar e compensar meu sofrimento, já que não posso esperar nada de ninguém: comida, preguiça, irresponsabilidade.
Hoje é aniversário dela, me sinto horrível. Não consigo olhar pra ela e nem ela olha pra mim. Ontem mesmo, tentei voltar a conversar, tudo deu certo por umas 2 horas…. até o primeiro chilique do meu irmão, em que ela não poupou segundos para me humilhar em favor dele sem sequer saber do que se tratava. Então tudo voltou ao normal dessa casa: eu errada. Eu odiada.
Todas as pessoas me julgam. Meu namorado me julga. Acho que pela minha agressividade, falta de tato, pela minha culpa. Tenho a impressão que ninguém sabe como é viver alternando entre cavar buracos, esconder-se em bolhas e andar sobre pontes velhas e quebradiças. É cansativo. Estou cansada. Cheguei num ponto que não sei mais lidar com as coisas, com as pessoas. Tudo que desejo é me esconder e chorar,e me frustra nem isso poder fazer, porque preciso trabalhar.
Queria que alguém sentisse minha falta e me amasse, incondicionalmente. Como dizem que uma mãe ama um filho.
Quero, desesperadamente, ser mãe. Quero sentir esse amor, nem que seja no papel inverso. E junto com o esse desejo, quero desesperadamente não afastar meu filho de mim, como minha mãe me afastou.